Feito lápis e papel

E se o passado nos permite dizer o que ousamos mudar E se a loucura nos permite fazer o que ousamos sonhar E se o pecado é mesmo assim inventado quem poderia negar E se a verdade idealiza a vontade quem quer saber de voltar E se o desejo vai além dos segredos ninguém pode notar E o que impede idealizar as premissas do que quer encontrar

Por dentro a alma esbanja o desejo impregnado Por fora, só o retrato do que incomoda, do que apavora, do que retrai.

Longo tempo Longa história Longos dias que passaram Longos passos Bem guardados Só memórias Um passado Um momento Terminado Mas tão vivo quanto antes Não se apaga assim tão fácil Tão eterno Tão fraterno Tão amado Adorado Só momentos Tão distantes Cada vez mais recordados.

Torne a se virar Ponha-se adequadamente A lua te espera no mesmo lugar Tão bonita como sempre E não importa aonde vá parar Para sempre, uma vida em seu rumo Para sempre, o que quiser e nada mais Vai importar Só uma boa noite e tudo está bem Por isso volte aqui Por isso volte a respirar E tenha uma noite calma Saiba contemplar A realidade que te espera O destino que quer realizar A busca e a verdade O desejo, a vontade Tudo que pode então te alegrar Tudo além do que se pode Tudo além de seus temores Tudo assim Cheio de vida Tudo enfim É sua vida

Segredos sem rumo Dispersos, profundos Presos em um muro De idealismo De um breve abismo Sem deixar vestígios Sem deixar prestígio Sem se vangloriar São só segredos Que não se pode revelar

"Eu apenas posso imaginar... E ir muito além do que meus olhos seriam capaz de enxergar."

Eu sou apenas sonhador e nada além do que escrevo. Eu sou apenas o locutor, de tudo aquilo que vejo. Eu sou o canto de um passáro Sou como um lápis já gasto. Sou feito de tudo que busco E de ilusões que invento. Sou só um vento perdido Sou a magia que guia Sou uma folha de rascunho De uma paixão bem escrita.

Em cada traço já escrito e cada gota que revela, uma verdade perdida, uma ideia deserta. Em cada doce pensamento, acatando as regras do momento, daquilo tudo que não era, ao que um desejo se apega. De puras soltas vontades, de ilusões e maldades, de tudo que não se cre, do pensamento a se ver. De idealizações já perdidas, de um história sem vida. De um retrato apagado, de um instante já gasto. E nada pode dizer, o que seria na verdade. E ninguém pode prever, nada além de desejos. Ninguém vai lhe mostrar, o que se guarda em segredo. Nada vai te ensinar, como são feitos os defeitos. Ninguém vai descrever, o que se faz pra sonhar. Nem um momento distinto, onde irá acabar.

"...ele sabia o que dizer, o que fazer, o que era preciso, mas não agia, nada falava, estagnado sem entreter enquanto eu lá esperava, me perguntando até que ponto poderia existir essa verdade essa vontade e o que seria sem resistir?"

Não havia um só desejo que não puder se desmanchar... Não havia um só segredo que ele pudesse então revelar... Não havia o desespero, só a doçura ao esperar... Não havia o desapego e tudo mais poderia estar!

Sentado ao relento de uma noite fria, vento ameno, pronto pra agradar. Me envolvendo em seus laços, puros, imaginários, fortemente na luz do luar, já pronta pra me ninar. E eu só buscava um motivo pra sonhar, só mais um pedido e um desejo a encontrar. Na noite calma que já deixava essa esperança me afogar.

Tempos malucos, vidas loucas, dias atordoados Tudo muda, tudo passa, tudo novo E volta e revolta, tudo gira e se mantém a sua volta Nada se constroi, tudo se destroi E vento volta, volta e muda Tudo em volta, tudo muda e muda de novo E revive e se acaba e nasce então tudo de novo Nem o eterno tende a ser eternamente exato Nem o incurável é assim tão rígido e gasto Nem tudo é sempre tão sincero como o imaginado Nem sempre é sempre, quando o nada é o então já esperado